Fragmentos
I
Agora só resta uma ponta incandescente rasgando a pequena escuridão do velho quarto. Os móveis parecem dormir, assim como as paredes, os retratos, os livros. A brasa se queima devagarzito. Uma mão acaricia um abdômen, um seio, um regaço feminino. Ali só estão os três: ele - acordado, pensativo, inquieto -, ela, e a noite. As persianas só não evitam os poucos sons da rua – latidos, ventos - e algumas mechas de luz, que não são suficientes para tornar qualquer coisa concreta aos olhos. Tudo flui, como a fumaça do cigarro, como se aqueles corpos e objetos houvessem se fundido no recente gozo de suor e palavras. A noite morna segue, a mão segue, os minutos seguem. Há uma certa cumplicidade entre aqueles pêlos. Dos risos, dos silêncios, das músicas, dos beijos, do filme, dos goles: resta esta cena.
II
Se a tristeza se faz presente nesse momento quando se fará a felicidade? Por que querer algo sem limite, sem liberdade nem prisão, sem dor, só amor? Por que essa angustiazinha sem razão teima em estar presente? Por que essa náusea, esse aperto, esse olhar caído, perdido? Por que não se deixar dormir, sem querer saber o que virá depois do primeiro jornal do dia?
III
E por mais que ela diga, ou, no caso, não diga, sempre sobra algum pensamento no final da noite, algum plano absurdo que nem chega a ser contado, alguma certeza solúvel como o café das manhãs que ele gostaria de tomar com... ela.
Aí uma analista amigo meu disse que desse jeito não vou viver satisfeito...
Pepito, we are one.
belo desencanto...
e histórias repetidas... como a funaça
que lindo!