12 noviembre, 2007

Sempre

toda a poesia tecida pelos meus pais
pelos meus irmãos brincando
aos 5 anos
por mim, indo pro colégio aos 6
numa manhã de inverno
e - como tu -
criando nuvens particulares
as paredes antigas contendo
pinturas cobertas
as palavras todas não-pronunciadas
junto às que nem deveriam mesmo ser ditas
a cor das fachadas antigas
o barulho do ferreiro
e do sino
o cheiro do pó-de-sorvete
a névoa do sono sobre mim
em 1992
as paredes deixavam
a luz entrar
em tiras no meu quarto
escuro como nunca mais
lembro da minha boca
declamando poemas de palavras desconhecidas
o sotaque descoberto
as estréias todas
rindo na cara dos ocasos
dos acasos
dos casos
os passeios de bicicleta
e as saudades todas
as mortas e as vivas

liricamente escritas sob a minha pele.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Me faltaram as palavras.
E qualquer comentário seria pouco.
E é isso.

13/11/07 12:03  
Anonymous Anónimo disse...

eu não mato nem saudade


saudade

13/11/07 19:53  

Publicar un comentario

<< Home

Visitas: