24 diciembre, 2007

Hope (in the) Island

Saio de casa pela manhazita: frio e frio, vento e vento. Faço o percurso mais largo possível, caminho pela praia, observo os pescadores. O chuvisco atira gotas contra o meu rosto e contra a lã do meu casaco, que agora cheira à ovelha. Gosto do cheiro, sempre gostei. O ar gelado me despenteia, me acaricia, me desperta mais um pouco. Sinto falta de outros ventos, outras carícias... Sinto falta também de alguma coisa no meu estômago, que começa apertar.
Apuro o passo, entro na lancheria, peço - com um sotaque quase razoável - o café. Tomo bem devagar, pra dar tempo de ler o jornal: assim o periódico e a primeira refeição do dia se tornam uma só despesa. Vejo as moças passando do outro lado da vitrine do café e faço cara de latin lover. Não dá muito certo. Como o pão, cujo gosto me parece algo raro, mas não me importo muito com isso, apesar dele custar quase o salário mínimo do meu país. Saio sem pressa, olhando atentamente cada criatura que por mim passa. Olho também aquela arquitetura antiga. Tudo pedra. Tudo bonito. Bonita também é aquela senhorita que ontem conheci numa dessas noites de boemia - onde nem borracho posso ficar - because my little money isn't enought. Mas esses balcões de bar alguma coisa têm me rendido: já não são poucos os conhecidos que fiz em minhas jornadas noturnas. Ontem, no entanto, tive sorte maior: consegui até o telefone daquela bela, que com meia-dúzia de sorrisos soube fazer parte de quase uma centena dos pensamentos tidos nestas últimas horas. Sozinho se fica um pouco mais vulnerável a essas coisas, confesso.
E agora, caminhando de volta ao sweet home, em meio ao vento, à chuva que engrossa, ao cheiro de ovelha - que me lembra outras verdes pradarias bem mais ao sul - e ao bom frio que quase me congela os pés, penso: this night is not to be alone.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

já com impresões de lá...

24/12/07 06:48  

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