18 octubre, 2006

A Música do Rio Grande

A música riograndense, ao meu ver, possui um grande potencial desperdiçado. Mesmo que sejamos o único Estado que possui sua própria "música popular", a MPG, os inúmeros ritmos que a cultura gaúcha nos lega - vaneras, milongas, chamamés, chacareras, xotes, rancheiras - passam muitas vezes longe do músico urbano. Enquanto isso a música tradicional permanece numa imensa mesmice que dá nos nervos. Os quase 50 festivais nativistas espalhados pelo Rio Grande do Sul pouco somam à cultura popular, e mesmo os mais importantes, como a Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, o Canto a Martin Fierro, de Livramento, o Americanto, de Santa Rosa, acabam sempre com um repertório repetitivo.
No entanto, em meio a essa grande calmaria alguns valorosos músicos estão aí para soprar as velas da cultura regional. Gostaria de destacar dois deles: o pelotense
Vitor Ramil e o uruguaianense Pirisca Grecco. Como diz no encarte de um dos CD's do Pirisca, esses homens conocen como pocos campo y ciudad. Suas músicas buscam ser o dialogo entre a pampa e a cidade. Entre os costumes autóctones e os sentimentos universais. Algo parecido já foi feito com bom gosto e certo sucesso por Kleiton e Kledir Ramil, aliás, irmãos do Vitor. Mas o Rio Grande do Sul não pode ficar parado na década de 80, nas milongas do Fogaça(então comunista!) tocadas com guitarras elétricas. Agora o Fogaça apóia a Yeda, a Ditadura Militar acabou, e não precisamos mais concorrer com a Lambada. Só com o funk carioca e o pop made in USA... Mas voltando às honrosas exceções: Vitor, sabemos, não é nenhuma revelação do momento, desde a tenra idade já se aventura nos caminhos da música. "Estrela, Estrela", por exemplo, foi composta por ele aos 15 anos. E hoje, lá pelos 40, já entrou inclusive no terreno da literatura, com sua brilhante "Estética do Frio", em que disseca a tão conturbada identidade riograndense. Nos últimos tempos tem se aprofundado nas milongas do campeiro alegretense João da Cunha Vargas(nome representativo, não?) e nas do não menos milongueiro Jorge Luís Borges. O resultado é formidável. E mais: segue ideologicamente coerente...ainda que isso seja algo difícil em tempos de PT neoliberal e desertos verdes. Grecco, lá pelos 35 anos, por outro lado, não é conhecido nem mesmo dentro do Estado fora do circuito nativista. Mas suas composições e interpretações - onde há lugar tanto pra bombos legüeros quanto pra guitarras semi-acústicas - são de ótimo gosto. Novas, regionais, fortes. Cantando os sentimentos humanos com sotaque da Fronteira.
Enfim, indico àqueles que se interessam pela cultura do Estado mais meridional do Brasil o trabalho desses dois filhos do pago.

9 Comentários:

Blogger leitoramedia disse...

Te confesso que gosto mais do Kleiton e Kledir. Mas adoro o Vitor também. Concordo em gênero e em número com o que tu falou. Mesmo. Só faltaram duas citações no teu texto: o movimento tchê music que tem abalado o tradicionalismo - revertendo um pouco a mesmice - e o Nei Lisboa que, ao meu ver, tem belíssimas canções com uma sutil presença de nossa gauchismo. Ele e os irmãos Ramil são os melhores! Beijo

19/10/06 15:49  
Blogger Felipe Martini disse...

Bueno, não considero a tchê music nenhum avanço na cultura popular. É funk com gaita.

Já o Lisboa não conheço muito do seu trabalho, mas pelo pouco que sei me parece que ele não entra muito a fundo na musicalidade "gaucha". Como faz o Pirisca e o Vitor.

Besitos!

19/10/06 15:55  
Blogger leitoramedia disse...

Não disse que a tche music seja um avanço! Eu odeio tche music.. disse que ela agitou o tradicionalismo, justamente, por não ter sido aceita.

20/10/06 14:29  
Anonymous Anónimo disse...

no sea tan duro con kel, hace todo lo posible por intervenir y a que usted le guste. Ando atrasada, problemas de falta de PC, pero el artículo sobre la música es muy interesante, realmente no sé nada de Río Grande y a mi me sirve para aprender. Investigaré,mi querido Sherlock.

22/10/06 15:22  
Blogger Felipe Martini disse...

jejeje

Está bien, Wathson(?)!

No quise ser duro con Kellen, tal vez yo tenga me expresado de forma equivocada...viste, KELLEN???

Hugs!

22/10/06 15:48  
Blogger leitoramedia disse...

hehehe. tudo bem, felipe. não tô brava.... hehehe... beijinhos

23/10/06 01:19  
Anonymous Anónimo disse...

só não concordo com uma coisa! o fato de só teu Estado possuir uma música popular própria!!! (precisas conhecer o Brasil).....
e, seu uma linda e cheirosa guapa, de uma boa "pegada"!!!! te puxar prá dançar lambada!!!! aiaiaiaiaiaiaia!!!! você naum vai conseguir dormir nessa noite hahahahahahaha!!!!! vais amar a lambada ôoooooooooopppppppaaaaaaaá

Agora teus textos são lindos! preciosos!!!!!!!!

besitos de um passarinho prá ti! Precioso!!!!!

24/10/06 03:38  
Blogger Felipe Martini disse...

Iva:

Por isso mesmo pus música popular entre aspas. Nunca ouvi falar em MPP, Música Popular Paraibana. E talecoisa.

No Rio Grande do Sul há sim a tal MPG, música popular gaúcha.

O NE é riquíssimo em folclore. Mais que o RS, onde o tradicionalismo é muito forte. São cousas distintas.

---

Nei:

Gracias pelo comentário,
sobre os nomes que citaste não pude escrever pois nem mesmo os conheço. Com exceção do Raul Elwanger(que também só conheço a belíssima Pealo de Sangue).

A Santana Velha das barrancas do Uruguai nos deixou boas coisas já se tratando de música...

Saludos!

24/10/06 04:03  
Anonymous Anónimo disse...

E quem disse que estava falando somente do NE, estava falando de todos os Estados de nosso Brasil uil uil uil!!!!

Besitos! "piu piu"

26/10/06 12:45  

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