Quase ficção
Faz mais de mês que vem, olha, espera, pergunta, depois se vai. Só. No gris da Assis Brasil, toda tarde, há mais de mês. Esta cidade tem tempo pra dor, pro olvido, pra loucura? Faz mais de mês que ele vem, toda tarde, perfumado, bem vestido. Cumprimenta todos, pergunta por ela. Faz mais de mês, todo dia. Dizem que ela não tá, que não vai tar. E ele fica, das 5 às 6, toda tarde. Ele com a paixão do recém-casado, com a saudade absurda, toda tarde. Esperando. Faz mais de mês, mais de mês que ela morreu. Mas todo dia ele busca ela no trabalho.