09 junio, 2009

Quase ficção

Faz mais de mês que vem, olha, espera, pergunta, depois se vai. Só. No gris da Assis Brasil, toda tarde, há mais de mês. Esta cidade tem tempo pra dor, pro olvido, pra loucura? Faz mais de mês que ele vem, toda tarde, perfumado, bem vestido. Cumprimenta todos, pergunta por ela. Faz mais de mês, todo dia. Dizem que ela não tá, que não vai tar. E ele fica, das 5 às 6, toda tarde. Ele com a paixão do recém-casado, com a saudade absurda, toda tarde. Esperando. Faz mais de mês, mais de mês que ela morreu. Mas todo dia ele busca ela no trabalho.

08 junio, 2009

Se eu fosse dado
a certas metáforas
diria que ela é doce
como laranja-do-céu

diria: que bela
aquela pele cor-canela!

ou num suspiro: como é quente
aquele beijo de mate...

e talvez dissesse
que qualquer seu-abraço
me aquece mais
que quentão junino

tem sido ela minha carne
pimenta açúcar sal dos dias

eu, cozinhado em banho-marina

(desculpa por tanta comida
ando com fome
dela)
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