24 diciembre, 2009

Nunca vesti luvas no Natal.

23 diciembre, 2009

There

Heavy and excited breathe, many and many minutes and a couple of beers between them. I could follow with my eyes the silhouette of the bodies if I wasn't in the scene, and thanks god I was. Their hands and lips and the rest were probably 40 degrees warmer than the outside of the house. A midwinter night's dream.

18 diciembre, 2009

Cárcel

mis versos están presos
- los renglones como rejas
no se mueven, mal respiran
hartos de hoja y ciudad
mi cuerpo y mi lapicera
piden campo, ruta y mar
vacaciones.

11 diciembre, 2009

Lucas, seus solilóquios.

Tchê, tá bom que os teus irmãos tenham me enchido até nãopodermais, mas agora que eu tava te esperando com tanta vontade de sair pra caminhar, tu chega feito uma sopa e com essa cara entre chato e guarda-chuva virado que já vi tantas vezes. Assim não é possível se entender, tu te dá conta. Que tipo de passeio vai ser este se basta eu te olhar pra saber que contigo vou me ensopar a alma, que vai me entrar água pelo pescoço e que os cafés vão cheirar a umidade, e quase certeza que vai ter uma mosca no copo de vinho?
Parece que te encontrar não serviria pra nada, e isso que me preparei tão devagar, primeiro esquecendo teus irmãos, que como sempre fazem o possível pra me deixar farto, pra ir tirando a vontade de que tu venha me trazer um pouco de ar fresco, um instante de esquinas ensolaradas e parques com guris e piões. Um a um, sem contemplações, fui ignorando eles pra que não pudessem me tirar pra romana como é o estilo deles, abusar do telefone, das cartas urgentes, dessa maneira que tem de aparecer às oito da manhã e ficar plantado toda a colheita. Nunca fui grosseiro com eles, até me comedi a tratar-lhes com gentileza, simplesmente fingindo que eu não me dava conta das suas pressões, da extorsão permanente que me infligem de todos os ângulos, como se tivessem inveja de ti, quisessem te diminuir por adiantado pra tirar o desejo de te ver chegar, de sair contigo. Já sabemos, a família, mas agora acontece que em vez de estar ao meu lado contra eles, tu também te junta sem me dar tempo pra nada, nem sequer pra me resignar e me adaptar, tu aparece assim, vertendo água, uma água cinza de tormenta e de frio, uma negação esmagadora do que eu tanto havia esperado enquanto tirava pouco a pouco teus irmãos de cima e tratava de guardar forças e alegria, de ter os bolsos cheios de moedas, de planejar itinerários, batatas fritas nesse restaurante sob as árvores onde é tão bom almoçar entre pássaros e gurias e o velho Clemente que recomenda o melhor provolone e às vezes toca o acordeom e canta.
Desculpa se eu te digo que tu é um nojo, agora tenho que me convencer de que isso é de família, que tu não é diferente ainda que sempre esperei que tu fosse a exceção, esse momento em que toda a angústia se detém para que entre a leveza, a espuma da conversa e a volta das esquinas; tu já vê, resulta ainda pior, tu aparece como o contrário da minha esperança, cinicamente bate na janela e fica aí esperando que eu ponha galochas, que pegue a gabardina e o guarda-chuva. Tu é cúmplice dos outros, eu que tantas vezes achei que fosse diferente e te quis por isso, já é a terceira ou quarta vez que tu me faz a mesma coisa, de que vai me servir que cada tanto tu responda o meu desejo se no final é isto, te ver aí com o cabelo nos olhos, os dedos jorrando uma água gris, me olhando sem falar. Quase melhor os teus irmãos, finalmente, pelo menos lutar contra eles me faz passar o tempo, tudo vai melhor quando se defende a liberdade e a esperança; mas tu, tu não me dá mais que este vazio de ficar em casa, de saber que tudo exala hostilidade, que a noite vai vir como um trem atrasado numa plataforma cheia de vento, que só vai chegar depois de muitos mates, de muitos noticiários, com tua irmã segunda-feira esperando atrás da porta a hora em que o despertador vai me por de novo cara a cara com ela que é o pior, junto contigo, mas tu já de novo tão longe dela, atrás da terça e da quarta e etcétera.

Don Julio Cortázar,

tradução minha.

10 diciembre, 2009

Eco

Beco do Mijo, Beco do Fanha, Praça da Harmonia, Ponta do Arsenal, Rua da Praia, Rua da Ladeira, Beco do Leite, Beco do Rosário, Caminho do Meio, Rua Formosa, Rua da Várzea, do Arvoredo, do Comércio. Beco da Casa da Ópera, Rua Clara, Cova da Onça, Rua do Poço ou do Pântano, Rua do Cotovelo, da Ponte, Beco da Garapa, Rua dos Guaranis, Beco do Pedro Mandiga, Rua do Pecados Mortais. Beco Quebra-Costas, Beco do Couto, Rua de Bragança, Rua da Margem, Rua Nova da Olaria, Rua da Alegria, Praça da Matriz, Alto da Bronze, Praça do Portão, Rua da Misericórdia.

Nomes da velha cidade que nossos antepassados souberam construir nesta pequena península do sul do mundo. Ecoam em mim como gritos fantasmagóricos, como o tango dos violinos dos cabarés do Centro, como o ranger das grossas paredes coloniais que a arquitetura neoclássica do começo do século XX pôs abaixo, sem deixar nem triste rastro.

Hoje, continuamos nos dedicando à mesma arte irracional de destruir o passado e a nós mesmos. Nem o hábito de construir beleza sobre as humilhadas ruínas soubemos herdar. Assim seremos nada.

09 diciembre, 2009

Disso falo

08 diciembre, 2009

Vista

Um pássaro em voo contrasta com o céu branco do outono chuvoso. A leveza do mesmo pássaro por sua vez contrasta com a enorme solidez das torres e da cúpula da catedral, que tem ares de eterna. Os guarda-chuvas, estáticos, quase monocromáticos, sonegam o movimento oculto que imagino. A água que molha o cobre e a pedra da praça é a mesma que apura as pessoas em evidentes vai-e-vens sem importância. O dedo de bronze da República aponta ao céu pesado, enquanto seus olhos cegos contemplam o asfalto da baixada urbana. Que harmonia tem a imagem, que eternidade tem o momento. Cabe apenas na fotografia.

05 diciembre, 2009

Dezembro

morno e ansioso por férias
deixa atrás tantos dias e noites
tantas estações cheias
de plantas e ventos
tantas estações cheias
de vagões e de gente
tanto choro e tanto riso
turbilhões, tempestades, saudades
a vida onipotente atuando sobre nós.

04 diciembre, 2009

Minha

à chuva, à terra que piso
ao verão, ao céu, ao frio
aos meus avós, ao campo
às casas arruinadas
aos rios de água clara
e aos de água podre

a isso que aqui sucede
aqui e pra sempre
dou o título de pátria.

03 diciembre, 2009

Ofício

são seres baixos
(e não falo de centímetros)
gigolôs das palavras
oportunistas sem pudor
(mal conseguem ver uma cena
sem olhos cheios de lirismo)

duvido dos sentimentos
faço piada da paixão diária
me dá nojo o formalismo

lástima que a literatura
tão maravilhosa arte
esteja atrelada a literatos.

02 diciembre, 2009

Adelante


El Paisito una vez más dijo sí a la esperanza, a la independencia y al coraje. Uruguay muestra al mundo que es pueblo y no quiere dejar de serlo, y así dice un orgulloso y rotundo no a los que extrañan a los calabozos y las servidumbres. Mientras en otras tierras de la Patria Grande Latinoamericana increíbles y vergonzosos presidentes o golpistas insisten en revivir un pasado que creíamos muerto, acá en un sencillo y verde pedacito de Sur el pueblo en su mayoría salió a la calle, bajo la lluvia y delante el mar, a gritar al ayer que se quede en su sitio y al futuro que pase nomá y hágase cómodo. Porque ahora es el momento de escribir con todas las letras la palabra li-ber-tad y de vencer cada derrota.
Visitas: