25 diciembre, 2007

Poema de Natal

Papai Noel saiu à rua
chupando sofás cor-de-rosa
ao mesmo tempo que tirava de seu saco
grande helicópteros fumados
por travestis
e aí? te perguntarás
aí está a descontração de camurça:
pois onde há estoque de Chimia
há cabeças de saracura.

24 diciembre, 2007

Hope (in the) Island

Saio de casa pela manhazita: frio e frio, vento e vento. Faço o percurso mais largo possível, caminho pela praia, observo os pescadores. O chuvisco atira gotas contra o meu rosto e contra a lã do meu casaco, que agora cheira à ovelha. Gosto do cheiro, sempre gostei. O ar gelado me despenteia, me acaricia, me desperta mais um pouco. Sinto falta de outros ventos, outras carícias... Sinto falta também de alguma coisa no meu estômago, que começa apertar.
Apuro o passo, entro na lancheria, peço - com um sotaque quase razoável - o café. Tomo bem devagar, pra dar tempo de ler o jornal: assim o periódico e a primeira refeição do dia se tornam uma só despesa. Vejo as moças passando do outro lado da vitrine do café e faço cara de latin lover. Não dá muito certo. Como o pão, cujo gosto me parece algo raro, mas não me importo muito com isso, apesar dele custar quase o salário mínimo do meu país. Saio sem pressa, olhando atentamente cada criatura que por mim passa. Olho também aquela arquitetura antiga. Tudo pedra. Tudo bonito. Bonita também é aquela senhorita que ontem conheci numa dessas noites de boemia - onde nem borracho posso ficar - because my little money isn't enought. Mas esses balcões de bar alguma coisa têm me rendido: já não são poucos os conhecidos que fiz em minhas jornadas noturnas. Ontem, no entanto, tive sorte maior: consegui até o telefone daquela bela, que com meia-dúzia de sorrisos soube fazer parte de quase uma centena dos pensamentos tidos nestas últimas horas. Sozinho se fica um pouco mais vulnerável a essas coisas, confesso.
E agora, caminhando de volta ao sweet home, em meio ao vento, à chuva que engrossa, ao cheiro de ovelha - que me lembra outras verdes pradarias bem mais ao sul - e ao bom frio que quase me congela os pés, penso: this night is not to be alone.

10 diciembre, 2007

Enrumbada

Para que el alma no seque demasiado
para que la vida no duela tanto
y para que el tedio no te encuentre
bebés
como quien llena sábanas de sudor
como raíces sugando la tierra
bebés
como árboles sacudidas por el viento
hecho salado océano en tempestad
y como sencillo vuelo de gaviota
bailás
y para que no se acaben los pasos de tu bailado
para que tu rostro no sea simple recuerdo
te canto, te busco, te beso
y me seguís.

01 diciembre, 2007

Vem cá minha nêga, vem cá que en el norte el pueblo dijo sí, vem cá minha flor y dejame sentir los buenos aires de tu respiración en mi piel, vem cá que te levo entre nicaráguas e cubas e rios grandes em janeiros e em outubros, vem cá minha nêga, sobe e desce comigo as escadas antigas e os andes, anda comigo nada comigo faz nada comigo mas comigo, vem cá, navega por portos alegres seguros, vem cá feito criança entre sapatas rayuelas y zapatas, vem cá minha flor, americanamente como só tu.

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