28 octubre, 2009

Cosas que suceden

No sé si les habrá pasado a ustedes pero a veces son las once y tas metido en un campera de lana y también por supuesto en una noche de invierno y es viernes y caminás solo por alguna vereda y a vos te acompaña nomás el pampero y miles de hojas libertas y por tanto muertas. Cuando te das cuenta cruzaste media ciudad y en un departamento ni viejo ni nuevo te esperan con vino y charla y rocanrrol y el anfitrión te abre la puerta y te larga una broma sobre las gurisas que ya llegaron y qué preciosas, che, y no podés hacer nada además de estar de acuerdo porque ya pasaste el umbral y bajo la luz roja se diseñan bocas y gestos de tanta gracia y es así que ni te cuento.

26 octubre, 2009

"Alzá la frente y dejá que el sol te pegue en la cara"

No llevaré una careta
pero quizá un escudo
o un filtro protector

que es para ver
todo clarito
como el agua

y menos triste
como un viernes
o un viaje

es que no siempre
están los azahares
y la risa larga

y no siempre
tengo ánimo
para animarme

cuando lo mejor
es horrible
no somos nada

pero hay que mirar
al cielo sin Dios
y comer el viento

tocar la herida
y decir que somos
más grandes que la pena

y escribir un poema
sin solución / sin fin
como todo.

21 octubre, 2009

Diálogo de ruptura

Para ler a duas vozes,
impossivelmente por suposto.

- Não é tanto que já não saibamos
- Mas por acaso procuramos por isso desde o dia em que
- Talvez não, e no entanto cada manhã que
- Puro engano, chega o momento em que a gente se vê como
- Quem sabe, eu ainda
- Não basta querer, se além do mais não há prova de
- Tu vê, de nada vale essa segurança que
- Certo, agora cada um exige uma evidência frente a
- Como se beijar-se fosse assim um termo, como se olhar-se fosse
- Debaixo da roupa não espera mais essa pele que
- Não é o pior, penso às vezes; tem outra coisa, as palavras quando
- Ou o silêncio, que então valia como
- Só sabíamos abrir a janela
- E essa maneira de virar o travesseiro procurando
- Como uma linguagem de perfumes úmidos que
- Tu gritava e gritava enquanto eu
- Caíamos numa mesma cega avalanche até
- Eu esperava escutar isso que sempre
- E brincar de dormir entre nós de lençóis e às vezes
- Se haveremos insultado entre carícias o despertador que
- Mas era doce levantar-se e competir pela
- E o primeiro, encharcado, dono da toalha seca
- O café e as torradas, a lista de compras, e isso
- Tudo continua a mesma coisa, se diria que
- Exatamente igual, só que em vez de
- Como querer contar um sonho que depois de
- Passar o lápis sobre uma silhueta, repetir de memória algo tão
- Sabendo ao mesmo tempo como
- Ah sim, mas esperando quase um encontro com
- Um pouco mais de marmelada e de
- Obrigado, não tenho

Julio Cortázar
tradução: Felipe Martini


20 octubre, 2009

noite sem luz
só me ilumina o olhar
que não está

14 octubre, 2009

Cortázar

Puta

Na mitologia romana, Puta é a deusa menor da agricultura.

Segundo uma das versões, a etimologia do seu nome vem do latim e seu significado literal é poda. As festas em honra a esta deusa celebravam a poda das árvores e, durante estes dias, as sacerdotisas manifestavam-se exercendo um bacanal sagrado (prostituíam-se) honrando a deusa (o que explicaria o significado corrente da palavra em muitos países de fala latina).
fonte: wikipedia.

09 octubre, 2009

não emtre
cem ser
convidado
sujeito
a
ser ???
LANHADO

06 octubre, 2009

Procedimentos para uma noite sem luz.

Quando das alturas caírem sem cessar espessas gotas d’água, quando se romperem frágeis os compridos fios de alta tensão, quando a cidade for território tomado por poças e folhas, e quando curvarem-se ventosas as árvores sob o imenso céu nublado e cortado de elétricas veias azuis; nesses momentos é imprescindível a toma de certa medidas como:

Abrir escandalosamente uma a uma e por completo todas as janelas da casa, e em seguida contemplar a noite invadindo de imediato todos os rincões de todos os cômodos, assim como a pálida cobertura de luz noturna dando góticos contornos de temporal a cada objeto e só então, se for o caso, pode-se cogitar o acendimento de alguma vela disponível, mas só se for o caso.

É também conveniente a existência de algumas garrafas de cerveja ainda gelada no refrigerador, e quem sabe algo passivo de ser fumado, além de, é claro, alguma humilde almofada ou colchão ou divã ou tapete onde recostar-se com fins contemplativos e de repouso.

Cabe lembrar que em momentos como esse é razoável a presença de um violão e de alguns dedos hábeis e aptos a velhas canções com cheiro de terra e se pedir muito não for, a voz de alguns amigos, que grande valia têm em situações como a mencionada.

Porém, é claro que se tratando de longas noites sem eletricidade o que não pode mesmo faltar, e isso muitos já disseram, é o corpo morno e se possível desnudo de certa senhorita, em perfeito encaixe ao meu corpo morno e quiçá também desnudo, ou talvez, em uma hipótese não tão otimista, que haja pelo menos a imaginação de tal cena e a viva lembrança de dito corpo morno e desnudo da tal moça.

Claro, numa noite sem luz.

04 octubre, 2009

Drume, Negrita


Si me voy antes que vos

si te dejo en estas tierras
no te asustes de la noche
que en la noche vivo yo

Si me voy antes que vos
si es así que está dispuesto
quiero que tus noticias
hablen del aire y del sol

Jaime Roos.
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