09 mayo, 2011

Silhueta

Desta janela do Quarto Distrito avistam-se duas torres. A mais alta delas, dum verde-escurecido em Art Decó, tem no topo uma imagem branca e inexpressiva de São Geraldo, que apesar da palidez eterna acena simpaticamente com a mão direita, saudando talvez o gris da Avenida Farrapos ou o silêncio profundo do bairro Navegantes. A outra torre, mais esguia e avistável em outras ruas desta cidade, é cabeçuda como um microfone, e balança seguindo os humores e rumores do vento. Sua base bebe a água filtrada pelos paralelepípedos, seu corpo fino é fibrosamente frágil e seu topo melenudo é até um exagero de tanta beleza, principalmente se contrastado com esse céu laranja ou vermelho ou sabe-se lá que cor, esse céu que nasce no leito do rio e se põe bem no fundo da minha alma. Dizem que é uma palmeira-da-califórnia, mas a verdade é que ela é tão porto-alegrense quanto eu.
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