20 marzo, 2007

(B)ela,

Não sei se te procuro se sumo ou se assumo essa minha dor, amor. Não sei se tento te deixar de lado ou se te dedico mais um poema e sigo nesse esquema de querer sempre um pouco mais te ter e fazer só minha. Não sei se renego esse amor e essa falta de pudor que penso pulso e prego. Não conheço o quanto o como o porquê nem o nome do teu querer, não sei o que fazer. Não sei se me calo ou se falo. Resvalo. Não sei se avanço ou volto atrás se sou atroz veraz ou voraz. Não sei nem o que tanto chamo clamo exclamo insisto e reclamo; certeza mesmo é só saber que te amo.

18 marzo, 2007

El Parto - O Parto

Do "Libro de los Abrazos", do uruguaio Eduardo Galeano. A tradução ao português é minha.


Tres días de parto y el hijo no salía: - Tá trancado. El negrito tá trancado - dijo el hombre. Venía de un rancho perdido en los campos. Y el médico fue. Maletín en mano, bajo el sol del mediodía, el médico anduvo hacia la lejanía, hacia la soledad, donde todo parece cosa del jodido destino; y llegó y vió. Después se lo contó a Gloria Galván:- La mujer estaba en las últimas, pero todavía jadeaba y sudaba y tenía los ojos muy abiertos. A mí me faltaba experiencia en cosas así. Yo temblaba, estaba sin un criterio. Y en eso, cuando corrí la cobija, ví un brazo chiquitito asomando entre las piernas abiertas de la mujer. El médico se dio cuenta de que el hombre había estado tirando. El bracito estaba despellejado y sin vida, un colgajo sucio de sangre seca, y el médico pensó: No haynada que hacer.Y sin embargo, quién sabe por qué, lo acarició. Rozó con el dedo índice aquella cosa inerte y al llegar a la manito, súbitamente la manito se cerró y le apretó el dedo con alma y vida. Entonces el médico pidió que le hirvieran agua y se arremangó la camisa.


Três dias de parto e o filho não saía: - Tá trancado. O negrinho tá trancado - disse o homem. Vinha de um rancho perdido nos campos. E o médico foi. Maleta em mão, sob o sol do meio-dia, o médico andou em direção àquela lonjura, em direção à solidão, onde tudo parece coisa do fodido destino; e chegou e viu. Depois contou a Gloria Galván: - A mulher estava nas últimas, mas ainda ofegava e suava e tinha os olhos muito abertos. Me faltava experiência em coisas assim. Eu tremia, estava sem nenhuma idéia. E nisso, quando corri o cobertor, vi um braço pequeninho aparecendo entre as pernas da mulher. O médico se deu conta de que o homem havia estado puxando. O bracinho estava esfolado e sem vida, um penduricalho sujo de sangue seco, e o médico pensou: Não há que fazer. E no entanto, não se sabe por que, o acariciou. Roçou com o dedo indicador aquela coisa inerte e ao chegar à mãozinha, súbitamente a mão se fechou e lhe apertou o dedo com alma e vida. Então o médico pediu que lhe fervessem água e arremangou a camisa.

15 marzo, 2007

Cuento Porteño

La muchacha camina sola por el puerto; no es el Madero: limpio, repleto de turistas, con gente rica, olorosa y imbécil. Este es otro, y está a las orillas del Riachuelo, en el corazón del La Boca. Por acá también hay turistas; con sus máquinas fotograficas, sus lenguas, sus ropas de turista, sus caras blancas quemadas por el sol. Pero esa gente no llega al muelle, sino se queda en el Caminito, que de tango sólo tiene souvenirs.
Los gurices del barrio juegan fútbol. Los turistas sacan fotos. La muchacha sigue en el puerto, caminando, esperando, mirando el río-mar. Nadie se acerca. Unos viejos toman mate en una vereda cerca de allí, otros parecen que hablan en italiano.

esa historia continúa. o no.

10 marzo, 2007

Dando vazão.

cada lágrima que derrubo
é também uma forma
de dizer o que não assumo
de sair de toda norma
de fugir de todo rumo

e é por isso que choro
que tento busco recomeço
que invento te puxo e te peço
tudo

Definição

sou daqueles que se emborracham nas praças
que escrevem nos muros
mexem com as mulheres na rua
sou daqueles que frequentam motéis bagaceiros
que trepam por trepar
e que morrem de amores
sou daqueles que escrevem por não saber falar
pra não deixar a alma engasgar
sou daqueles que não fazem porra nenhuma.

08 marzo, 2007

Mau-humor

os jovens universitários
os pedintes da rua
a arte, o estudo
as relações interpessoais
as mudanças
as mundanças
tudo tudo tudo
às vezes me cheira pior que merda.

02 marzo, 2007

NECESSIDADE

é preciso cagar nos altares
navegar sem rumo
às vezes ser vagabundo
é preciso subir a todos os andares
deixar de ser fino
perder o tino
é preciso mandar pra puta que pariu
toda essa gente
que soa pra dentro
esquece e mente
é preciso se enforcar mil vezes
abandonar as teses
e renascer a cada segundo
é preciso guspir na indiferença
adotar e adorar a própria crença
e morrer por ela
é preciso saber que a vida é bela
e mesquinha e puta
e não ter culpa
é preciso percorrer caminhos
destronar monarcas
tombar moinhos
é preciso sentir, amar e agir
chorar de tanto rir
chegar e partir
é preciso dizer a que se veio
mandar à merda o que não presta
e gozar de tudo o que resta
é preciso chupar, lamber e morder
ganhar e perder
é preciso dançar até que a alma balance
entrar em transe
é preciso abrir o peito
cantar fora do tom, sem jeito
é preciso atirar no lixo toda essa
moral podre, essa mesmice
e esse mar de caretice
é preciso não ter vergonha na cara
jogar fora essa vida enlatada
de quem não sonha
nem se importa com nada
é preciso mudar, sair, pelear
abrir as janelas da alma
perder a calma
é preciso, enfim e em começo
mais do que pressa
tensão, tesão ou loucura:
paixão, ódio, amor e ternura!
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