O meu Porto Alegre começa no fim dos planos de urbanização, com o imprevisto das vielas, o desaprumo dos muros limosos, um beiral emplumado de macega e os velhos nomes que placas não conseguem abafar... A mim, fantasma do velho Coruja, desmanchemos o presente! Desmantelemos com método o cimento armado, misturemos todos os traçados e plantas e posturas, pra ver como fica. Debaixo deste arranha-céu passa o Beco do Fanha, com as águas ocultas de saudade. Reponha-se o quiosque no devido lugar, atrelem-se de novo ao bonde os burros sem futuro, mas principalmente replantem uma a uma as árvores. Aquelas árvores que pareciam eternas na Praça da Harmonia. Aquelas árvores que pareciam eternas na Praça da Harmonia, de tão profundas raízes nos sonhos. Prezado Coruja, patrono dos saudosistas, não devemos ter a menor contemplação com esta cidade nova que brotou sobre a outra, apagando a marca dos nossos passos.
Augusto Meyer.