Chora Paris, choro eu.
Caminho só. Solitariamente embalado nos braços frios do vento parisiense. Já não trago o fascínio dos meus primeiros tempos nesta cidade, que certamente é uma das mães daquilo que convencionamos chamar de cultura ocidental.
Já não me importo tanto com esse amontoado de museus, avenidas largas e monumentos mais antigos que o meu país. A falta aguda que causas em mim soube sorrateiramente tomar conta dos meus pensamentos e uma a uma minhas saudades pela família, pelos amigos e pela minha terra cederam espaço a uma única e doída lembrança: a tua.
Não que eu sinta que te tenha perdido, pra falar a verdade nem penso nisso, sinto apenas que esses nove mil quilômetros e um oceano que nos separam me estão privando de ter-te aqui caminhando ao meu lado e pronunciando aquelas poucas palavras que conhecemos da língua de Proust, que por sinal, estudamos juntos.
Depois de percorridas estas ruas, regressarei. Como bom filho, à casa torno. Junto a mim irão estas lembranças e o conhecimento que ganhei – remoído e recordado só fará aumentar. Também levarei a saudade, que agora será de ti, Cidade Luz, e não daquela que deixei e que logo me trará o riso de volta.