31 diciembre, 2006
Às vezes um sofrimento sobe meu peito, desde essas entranhas que, não sei como, algo sabem dos meus penares. Sofrimento de uma importância que nem mesmo conheço, se é que alguma possui. Essa espécie de dor possivelmente não me leve a nenhuma parte, mas certamente tem suas fontes, e não são poucas. São dores de amores pisados, de não-amores, da impotência coletiva, de um sentimento regional subjugado, da incompreensão pessoal. De um porto que às vezes me dói, às vezes me acaricia. De um continente sem rumo, sem pé nem cabeça, dividido, dominado por si próprio, de uma inércia quase sempre absoluta. De uma louca maravilhosa vida que me carrega tão-só por carregar, com seus braços de doce mãe-puta. Sofrimento de tertúlias noturnas não-vividas, de vinhos não-tomados e lábios não-tocados. Disso tudo nada me serve, contenta, nutre. E, talvez sem poder fazer de modo diferente, acabo seguindo esse caminho que em muitos momentos se converte em uma busca patética por algum alento.
.
A veces un sufrimiento sube mi pecho, desde esas entrañas que, no sé como, algo saben de esas penas. Sufrimiento de una importancia que ni mismo conozco, si es que alguna posee. Esa especie de dolor posiblemente no me lleve a ninguna parte, pero ciertamente tiene sus fontes, y no son pocas. Son dolores de amores pisados, de no-amores, de la impotencia colectiva, de un sentimiento regional subjugado, de la incompreensión personal. De un puerto que a veces me duele, a veces me acaricia. De un continente sin rumbo, sin pies ni cabeza, dividido, dominado por sí propio, de una inércia casi siempre absoluta. De una loca maravillosa vida que me carga tan-sólo por cargar, con sus brazos de dulce madre-puta. Sufrimiento de tertulias nocturnas no-vividas, de vinos no-tomados y labios no-tocados. De eso todo nada me sirve, contenta, nutre. Y, quizá sin poder hacer de modo diferente, acabo siguiendo ese camino que en muchos momentos se convierte en una busca patética por algun aliento.
29 diciembre, 2006
25 diciembre, 2006
24 diciembre, 2006
23 diciembre, 2006
21 diciembre, 2006
20 diciembre, 2006
18 diciembre, 2006
17 diciembre, 2006
16 diciembre, 2006
15 diciembre, 2006
13 diciembre, 2006
10 diciembre, 2006
Menos un hijo de puta!
A América Morena tem algo a comemorar neste domingo: o ex-general-assassino-corrupto Augusto Pinochet morreu hoje às 15h15min aos 91 anos. Mas sabemos que o dito cujo não teve nenhuma punição condizente com as mais de 3000 mortes pelas quais sua ditadura foi responsável. Sabemos também que a sua verdadeira morte não foi o falecimento desse velho corpo, e sim este continente que mais uma vez se levanta e no qual, espero, o povo tomará a direção da barca.
Do México à Terra do Fogo esta gente se põe a andar.
Victor Jara, presente! Neruda, presente!
Ahora y siempre!
08 diciembre, 2006
06 diciembre, 2006
05 diciembre, 2006
Desde el Lío de la Plata
Já que o assunto literatura erótica foi introduzido(desculpem o trocadilho infame...) num desses maravilhosos blogues relacionados a este, deixo-lhes um belo texto do gênio argentino Júlio Cortazár. A tradução é minha.
Toco tua boca.
"Toco tua boca, com um dedo toco a borda de tua boca, vou a desenhando apenas, como se saísse de minha mão, como se pela primeira vez se entreabrisse e me basta fechar os olhos para desfaze-lo todo e recomeçar, faço nascer cada vez a boca que desejo, a boca que minha mão escolhe e te desenha na cara, uma boca escolhida entre todas, com soberana liberdade escolhida por mim, para desenha-la com minha mão em tua cara e que por um azar que não busco compreender coincide exatamente com tua boca que sorri por debaixo da que minha mão desenha.
Me olhas, de perto me olhas, cada vez mais de perto e então brincando com o ciclope, nos olhamos, cada vez mais de perto e os olhos se agrandam, se aproximam entre si, se superpõe e os ciclopes se olham respirando confundidos, as bocas se encontram e lutam mornamente, mordendo-se com os lábios, apoiando apenas a língua nos dentes, brincando em seus recintos onde um ar vai e vem com um perfume velho e um silencio. Então minhas mãos buscam fundir-se no teu cabelo, acariciar lentamente a profundidade de teu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragrância escura. E se nos mordemos a dor é doce, e se nos afogamos em um breve e terrível absorver simultâneo do alento, essa instantânea morte é bela, e há uma só saliva, e um só sabor de fruta madura e eu te sinto tremer contra mim como uma lua na água."
04 diciembre, 2006
Balada do nefasto amor
- Para Jáder Cruz, mais novo adepto do Pão-Com-Picles.
Tudo que eu
desejo
Além do teu
desejar
É um pouco do doce
sorvete
para que com ele
possa
limpar as patas do meu
guaipeca
01 diciembre, 2006
Cotidiano - 2
Em meio a copos de cerveja, provas, quase-amores perdidos, fundamentalistas islâmicos, belos dias de primavera, boas conversas em português-castelhano-portuñol, discos com sotaque chiado, mulheres de todos os tipos, amigos, possíveis-futuros-amigos, milongas, zambas e sambas, projetos de viagens, mais projetos de viagem, e uma alegriazinha sem muito porquê cá estou escrevendo esta merda.