31 mayo, 2007
Um gurizinho preto no frio Centro de Porto Alegre. Na mão esquerda, quatro balões de festa. Na mão direita, um cigarro.
29 mayo, 2007
Palabras
hija de cantos andaluces, mora milonga mía, de los fogones y viejas tijeras de acero, ay milonga de arrabales y entreveros, de puertos y ciudades al sur, ay milonga mía, sonido de mi alma, suave melancolía de las seis cuerdas que me calma, ay cadencia que no nos deja a solas con la soledad, milonga negra africana hermana de la libertad, ay milonga mía charrúa hija de la llanura, ay lecho fuerte de mis dedos débiles, ay viento sureño aprisionado en caja de madera, labios de plata que beso mientras te escucho, maestra milonga mía de pelo moreno y ojos claros, ay milonga de mis futuros amores y mis dolores más profundos.
28 mayo, 2007
Dia do Descanso
Essa bosta de café é sempre tão caro imagina só dois pila por essa merdinha e ainda servem essa porra de bolacha com goiabada quem é o filho-da-puta que gosta de goiabada? só falta agora vir com o papinho dos 10% pro serviço essa merda de serviço olha lá ela servindo como se tivesse indo pro banheiro e não é de hoje que tou cansado desses velho bicha com essas cantada e não aparece uma só boceta que faça o mesmo mas o mais foda é que e olha só aquela véia lá no balcão parece uma múmia a coitada o mais foda é que além de tudo tem esses índio vendendo essas porra tem essas criança ranhenta e é vendedor e panfleto e boyzinho e caralho-a-quatro e será que não vai parar de chover nesta cidade do cu do cu do cu do mundo? e desde que me conheço por gente é todo todo domingo a mesma bosta com essas guria de 12 anos achando que lesbianismo é esporte e que essas meia roxa combinam com as roupas pretas e os pedaço de ferro pendurado no meio da cara nas orelhas e usualmente nos mamilos.
26 mayo, 2007
Desfecho
Cruzou a rua como se do outro lado lhe esperasse o amor de sua vida. Ou a solução dos mistérios da Existência. Ou uma cama quente numa manhã de inverno.
Minto: cruzou a rua como se cruzam ruas a todo instante, se olha pros dois lados, põe-se um pé sobre o pavimento e depois outro. Como faz todo mundo.
Minto: os pernetas não. Mas estes também atravessam vias eventualmente. E atravessou, no más. Chegou ao outro lado e entrou na Lancheria. Punks, mods, emos, bichas, garçons. Pediu um trago. Tomou o trago. Olhou pros lados, acendeu um cigarro (não sem antes impor-se uma fisionomia de ator de cinema) e pôs os olhos sobre a última das mesas da fileira em que estava. Aquela fila que dá no banheiro. Não se sabe se isso ocorreu devido à sua vontade de mijar ou graças a algum desmando do Criador. O fato é que olhou e viu uma dessas de AllStar que lhe pareceu bem interessante.
Minto: a mocinha só lhe pareceu gostosa. E realmente o era, convenhamos. Conste aqui também que a guria já tava mais pra lá do que pra cá. Bueno, acontece que após certas trocas de olhares – olhares já meio embaçados pelo álcool e por outras drogas menos lícitas – a nossa mocinha abriu alguns risinhos pro cavalheiro que não lhe tirava os olhos e disse pra si mesma que vengan los toros que pior não fica e vamo ver se alguma coisa acontece nessa noite de merda. Mas nosso jovem filho da noite não tomou coragem de se aproximar e sua bunda quedou-se imóvel sobre o plástico da cadeira, assim como seus cotovelos sobre a mesa. Quando viu que já estava mamado o suficiente pra não conseguir encher outro copo de cerveja sem fazer um estardalhaço de garrafa-batendo-na-mesa e bebida-escorrendo-pela-toalha-e-molhando-calça&cueca decidiu levantar-se, pagar a conta e ir pra casa dormir dando fim àquela noite de bosta. E foi o que ele fez.
Minto: quando atravessava de volta a rua em direção ao seu lardocelar surge um ônibus – um desses velhos que têm como formoso destino Viamão – que lhe presenteia um ponto final sem nada de reticências. Porque personagens medíocres às vezes merecem a morte.
Minto: cruzou a rua como se cruzam ruas a todo instante, se olha pros dois lados, põe-se um pé sobre o pavimento e depois outro. Como faz todo mundo.
Minto: os pernetas não. Mas estes também atravessam vias eventualmente. E atravessou, no más. Chegou ao outro lado e entrou na Lancheria. Punks, mods, emos, bichas, garçons. Pediu um trago. Tomou o trago. Olhou pros lados, acendeu um cigarro (não sem antes impor-se uma fisionomia de ator de cinema) e pôs os olhos sobre a última das mesas da fileira em que estava. Aquela fila que dá no banheiro. Não se sabe se isso ocorreu devido à sua vontade de mijar ou graças a algum desmando do Criador. O fato é que olhou e viu uma dessas de AllStar que lhe pareceu bem interessante.
Minto: a mocinha só lhe pareceu gostosa. E realmente o era, convenhamos. Conste aqui também que a guria já tava mais pra lá do que pra cá. Bueno, acontece que após certas trocas de olhares – olhares já meio embaçados pelo álcool e por outras drogas menos lícitas – a nossa mocinha abriu alguns risinhos pro cavalheiro que não lhe tirava os olhos e disse pra si mesma que vengan los toros que pior não fica e vamo ver se alguma coisa acontece nessa noite de merda. Mas nosso jovem filho da noite não tomou coragem de se aproximar e sua bunda quedou-se imóvel sobre o plástico da cadeira, assim como seus cotovelos sobre a mesa. Quando viu que já estava mamado o suficiente pra não conseguir encher outro copo de cerveja sem fazer um estardalhaço de garrafa-batendo-na-mesa e bebida-escorrendo-pela-toalha-e-molhando-calça&cueca decidiu levantar-se, pagar a conta e ir pra casa dormir dando fim àquela noite de bosta. E foi o que ele fez.
Minto: quando atravessava de volta a rua em direção ao seu lardocelar surge um ônibus – um desses velhos que têm como formoso destino Viamão – que lhe presenteia um ponto final sem nada de reticências. Porque personagens medíocres às vezes merecem a morte.
23 mayo, 2007
ílex paraguariensis
Cebó otro mate y dijo que eso ta pasando, muchacho, ta pasando, Te acordás cómo iba la cosa, che? Ta pasando, dijo pa sí mismo y llenó de agua pa otro mate.
Pa usté he cebao, señor, siente acá y diga que hizo usté en toda su vida. Diga, señor, que tengo tiempo y el mate es largo.
Che bo! Vení, vení que te voy a mostrar una cosa, bolú.
21 mayo, 2007
11 mayo, 2007
Telefonema
Olha, minha amiga, não tou te ligando pra perguntar como tu tá ou pra dizer que tou com saudade. Tudo é sempre tão igual e bem conheces a falta que tu me faz. Vou te descrever o que tou vendo por aqui: Há uma rua de paralelepípedos escuros e as árvores quase formam um túnel. Elas estão verdes, é outono. Se primavera fosse taria tudo roxo, quiçá até os paralelepípedos. O céu tá azul. Bem azul. Azulíssimo. E o sol envia seus belamente inclinados ou inclinadamente belos raios até as folhas da árvores e às paredes dos prédios, deixando tudo tão, tão bonito. 15 graus em Porto Alegre.
06 mayo, 2007
04 mayo, 2007
Fotografias do Século 21
Meu primeiro namorado tive aos 13 anos.
Nos conhecemos no colégio. Ele da 8º, eu da 7º.
A gente ia sempre, depois da aula, até a Redenção.
Caminhávamos pela grama e jurávamos amor eterno.
2 pares de AllStar sobre o chão do parque.
Nos conhecemos no colégio. Ele da 8º, eu da 7º.
A gente ia sempre, depois da aula, até a Redenção.
Caminhávamos pela grama e jurávamos amor eterno.
2 pares de AllStar sobre o chão do parque.
02 mayo, 2007
Fragmentos 2
na praça Santos Andrade sentei e chorei.
já faz 23 minutos que não nos tocamos nem nos vemos e que não posso te ter por perto nem que seja pra que tu quase me ignore ou fique com esses teus papinhos algo inteligentes que enchem o saco. já faz 23 minutos e ainda vai demorar muito mais.
sei que toda viagem é um parto, sei que tudo isso nos ensina a sermos mais, muito mais, pra no fim não sermos nada.
já faz 23 minutos que não nos tocamos nem nos vemos e que não posso te ter por perto nem que seja pra que tu quase me ignore ou fique com esses teus papinhos algo inteligentes que enchem o saco. já faz 23 minutos e ainda vai demorar muito mais.
sei que toda viagem é um parto, sei que tudo isso nos ensina a sermos mais, muito mais, pra no fim não sermos nada.